quinta-feira, 21 de julho de 2011

Banho quente é coisa de gente solitária...


O banho quente pode não curar as feridas de um coração solitário, mas alivia as dores. Ao menos é o que garante um estudo da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, que associou tempo gasto no banho, água a altas temperaturas e sentimento de exclusão social.
A pesquisa analisou o comportamento de 400 voluntários, com idades entre 18 e 65 anos. Aqueles que se sentiam solitários demoravam, em média, 25% a mais no banho e preferiam água quente. Para John A. Bargh, coautor da pesquisa e especialista em ciência cognitiva, o banho quente e demorado pode provocar a mesma sensação de satisfação que a motivada pelo calor físico proveniente de outra pessoa.
Segundo o psicólogo, o sentimento de solidão, quando muito intenso, pode provocar pequenas reduções na temperatura corpórea. Daí, a predisposição do ser humano a buscar contato com a água quente. “É o que chamamos de autorregulação”, diz Bargh.
Idit Shalev, outra coautora do estudo, acrescenta que esse comportamento é inconsciente. Os pesquisadores o associam ao sentimento de segurança que os bebês experimentam ao serem colocados em contato com o corpo da mãe. A criança para de chorar, sem dar-se conta, é claro, que a temperatura é a principal razão para a sensação de conforto.
A correlação entre solidão e sensação de frio não é novidade para pesquisadores. De acordo com a psicoterapeuta Karina Haddad Mussa, especialista em psicologia cognitiva comportamental pelo Albert Ellis Institute, de Nova York, a conclusão da pesquisa americana ajuda a entender por que nosso organismo necessita de calor em casos de solidão patológica, em que há desequilíbrios no organismo, com sintomas físicos. É uma situação diferente das pessoas que, embora sós, sentem-se bem.
A exclusão social, de acordo com a psicóloga, causa distress (stress prejudicial à saúde), quadro que leva à hipotermia. Nesse estágio, as pessoas apresentam queda de temperatura corpórea, especialmente nas extremidades do organismo. O banho quente, nesse caso, tem a função de equilibrar o organismo por meio do controle de temperatura.
“Todos os nossos sentidos são importantes, mas a pele é abrangente e contorna todo o corpo. Isso transforma o tato em um dos sentidos mais relevantes”, diz a especialista. “É por essa razão que o banho quente acalenta as pessoas. O contato com a água transmite a sensação de proteção e equilibra, biologicamente, o organismo”, completa.
A psicoterapeuta acrescenta que o banho de banheira ativa a memoria corporal, recuperando a sensação que experimentamos no útero materno. Isso faz com que as pessoas se sintam ainda mais confortáveis e em segurança quando imersas na água quente.
 

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