Ela é medicina e é beleza frondejando à beira da nossa morada, e ainda é confidente dos nossos pezares e alegrias, quando, sob seus galhos, recordamos saudades ou edificamos no sonho.
Assim é a árvore viva.
Morta, ela é tudo — o princípio e o fim: berço e esquife, e, entre esses dois polos, tudo é árvore — a casa e o templo, o leito e o altar, o carro que roda nas terras lavradas, o navio que sulca os mares, o cabo da enxada, a haste da lança, e tantos outros utensílios da vida. Matar a árvore é estancar uma fonte. Onde se devastam as florestas estende-se o deserto estéril — resseca-se o terreno, os rios minguam, somem-se os animais. Assim, a árvore, sendo beleza, é ao mesmo tempo, a fiadora da vida.
(Coelho Neto)
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